sexta-feira, 15 de maio de 2009

Análise Psicológica do conto

Estão presentes nessa estória os sofrimentos e as esperanças, bem como a vitória da heroína humilhada pelas irmãs adotivas.
Borralheira é humilhada pelas irmãs adotivas. Sua madrasta faz tudo que suas filhas querem e sacrifica Borralheira para fazer as vontades delas e os trabalhos domésticos. Com isso a criança associa a estória de Borralheira ao seu cotidiano, quando a mãe pede que faça um favor, ou quando nasce um irmão. Sente-se enciumada e acha que pelo fato de ter ganhado um irmão será desprezada e tratada como Borralheira.

Encontramos também nessa estória a rivalidade fraterna, entre Borralheira e suas irmãs adotivas. As irmãs sentem ciúmes de Borralheira, portanto passam a maltratá-la. Esse ciúme é gerado devido à beleza de Borralheira. Durante os anos de rivalidade fraterna a criança vivencia um período interior de sofrimento, privação e carência, ela experimenta equívocos e malícia. Os anos que Borralheira viveu entre as cinzas dizem a criança que ninguém pode escapar disso. A estória ajuda a criança a aceitar a rivalidade fraterna como um fato de vida comum.

Nenhum outro conto relata tão bem como “Borralheira” a fase edípica da criança. A criança antes de entrar na fase edípica, acredita que é adorada, amada e protegida pelos pais; se tudo ocorrer bem na família. Assim, ela não tem motivo para ter ciúme de ninguém. Em todas as versões de “Borralheira”, são relatados os desejos e ansiedades edípicas da menina. O desejo de ser amada, e mesmo ser parceira sexual do pai, que no começo do processo edípico parece natural e “inocente”. As decepções edípicas do seu período final trazem dúvidas sobre o censo de valorização da criança. Ela é repreendida durante a socialização; sente ciúmes e medo de ser rejeitada pelos pais; os irmãos mais velhos parecem tirar vantagem da criança, que agora passa a ser menos protegida. Em “Borralheira” ela se encontra com o príncipe e conquista seu amor,o que o transforma num substituto do pai,como um homem a quem ela mais ama no mundo.
Quando a criança ultrapassa a idade edípica está pronta novamente para ter boas relações com a mãe. Em “Borralheira”, a fada aparece como uma representação simbólica da mãe original que fornece à filha os meios de encontrar um príncipe, permitindo que a filha tenha êxito sexual com o príncipe, um objeto não edípico.

Esta estória é importante para a criança, pois mostra que os sonhos podem se tornar realidade. A cena que demonstra isso é quando Borralheira quer ir ao baile com suas irmãs e não pode, então a fada madrinha aparece e realiza o seu desejo. Mostra também que os humildes serão exaltados. Borralheira sofre todas as humilhações, mas continua com o coração puro e como recompensa casa com o príncipe. Ensina que, quando se faz algo errado se é castigado. As irmãs queriam casar com o príncipe, mas ele escolhe a Borralheira. Traz a inocência de Borralheira, pois ela não faz nada contra sua madrasta e suas malvadas irmãs.




5 comentários:

  1. Oi Adriana!
    Essa análise foi feita por nós no 1° período para um trab. de psicologia da educação. Como vimos que podia complementar nosso Blog postamos aki. O livro que o prof° nos deu como base do trab. foi: "A Psicanálise dos Contos de Fadas" (Bruno Bettelheim).
    ;*

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  2. Sem querer removemos seu comentário (profª) desculpe-nos, ainda estamos aprendendo o lance das postagens!!!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Emilsen Lemes
    Em Cinderela temos representações de problemas da rivalidade fraterna (sendo Cinderela sempre maltratada e humilhada pelas irmãs mais velhas) e também de problemas edipianos.
    A situação de Cinderela de cair nas mãos da madrasta e passar por tudo que passou não é bem explicada nas versões da história que temos hoje, mas outras versões antigas difundidas pela Europa, África e Ásia sugerem que o que lhe sobreveio é decorrência de uma situação edipiana.
    Algumas versões relatam que ela fugia de um pai que queria se casar com ela. Outras contam que ela é exilada por um pai que a pune porque ela não lhe ama da forma que ele exige, apesar de amá-lo muito.

    Mas um outro tema muito importante dessa história é a angústia de castração, representado pela auto-mutilação das irmãs que tentam calçar o sapato de Cinderela e enganar o príncipe, cortando uma parte do próprio pé para isso (pois o sapatinho não cabe em seus pés, e a madrasta ordena a cada uma delas que corte ou o calcanhar ou o dedinho para tal).

    O sapatinho de Cinderela é um símbolo inconsciente da vagina, e a cena que representa o príncipe calçando o sapatinho em seu pé é um símbolo inconsciente do ato sexual, assim como o ato dos noivos que trocam alianças no altar numa cerimônia de casamento (o anel representando a vagina, o dedo representando o pênis.
    Jornalista e especialista em Língua Portuguesa.

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  5. Quando eu era criança ganhei dos meus pais uma coleção de estórias Disney. Nela haviam os contos de fadas. Eu sempre achei as estórias muito enfadonhas até a Fada Madrinha aparecer. Eu pensava, agora vai! A Fada Madrinha na minha opinião não corresponde ao arquétipo maternal. Penso que se ela agisse como mãe não chegaria para resolver a roupa do baile da Borralheira. Ela iria querer resolver o problema da filha com a madrasta de uma vez por todas. Vejo a Fada mais como uma avó. Ela é sábia. Não veio tomar atitudes pela Borralheira. Ela lhe prepara para ir em busca dos seus sonhos de maneira sábia. De forma intrínseca, eu credito a ela o uso da razão com sabedoria pela própria Borralheira. A Fada Madrinha não espera que alguém surja com soluções mas faz acontecer para que o objetivo final seja alcançado. Ela determina inclusive o tempo para suas ações (até meia noite!). Por ela saber como, onde e quando, a Fada Madrinha é meu personagem favorito.

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